terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Perder-me na terra da manhã




Perder-me na terra da manhã
vestir-me de musgo
e cheirar a hortelã.
Esgueirar-me como lebre
por entre as sebes do medo,
subir às árvores e perder-me
na distância do horizonte.
pedir aos ventos que me tragam
asas de andorinha
e percorrer vales e prados
à procura de mim mesmo.
Acordar de madrugada
sem que as rolas me despertem,
mudar o sol para o meu olhar
e rasgar as vestes negras
que meus braços entorpecem.
esquecer-me de quem sou
e, sem nome nem destino,
semear laivos de fogo
no joio das multidões.



No Princípio Era o Mar, p.78